domingo, 30 de novembro de 2014

6º Encontro da Consciência Negra na Escola Estadual JODAFI



No dia 21 de Novembro ocorreu na Escola Estadual João Dantas Filgueiras, do município Três Lagoas – MS, o 6º Encontro da Consciência Negra contando com a participação de discentes e docentes da universidade, equipe de alunos, professores e coordenadores da escola, com visita também de pessoas da comunidade local e de outras escolas. Colaboraram na organização do evento  integrantes dos grupos PIBID História e Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas (UFMS-CPTL). Ambos os grupos trabalharam no decorrer do ano com aplicação de sequências em diferentes turmas, com objetivos e atividades diversas, mas também visando um produto parao dia da consciência negra, sendo que algumas proposições foram as salas temáticas, apresentações de dança, apresentações de capoeira, canções, entre outros.
Para entender a importância da organização desse evento devemos rememorar alguns fatos. A Consciência negra era antes comemorada no dia 13 de Maio, dia da Abolição da Escravatura¹ (pela Lei Áurea implementada em 1888). Porém, desde a década de 60, este evento é comemorado no dia 20 de Novembro, dia em que Zumbi dos Palmares (personagem histórico que representou a luta do negro contra a escravidão), líder do Quilombo dos Palmares, morre em 1695. É necessário celebrar este dia, principalmente nas escolas, pois trás à tona discussões acerca da discriminação e o preconceito racial em sala de aula, o reconhecimento da identidade negra, o conhecimento de sociedades e culturas africanas e afro-brasileiras, bem como suas manifestações, as lutas e resistências dos negros escravizados no Brasil.
Tanto no período matutino quanto vespertino, o encontro teve início com um “bate-latas” dos alunos na entrada da escola, organizado por três professoras Em seguida iniciaram-se as apresentações, que consistiram em danças e os cantos de raps com letras criadas pelos próprios alunos. O grupo “Abadá Capoeira” de Três Lagoas, do professor José Augusto Dias, o Baratta, fizeram uma apresentação de capoeira. Vale ressaltar que o grupo dos acadêmicos Jefferson Rodrigo (pibidiano/estagiário), Diego Ferioto (pibidiano) Renuza Gonçalves (pibidiana), Daniel Carvalho (pibidiano) e Rafael Oliveira (estagiário), que aplicaram a sequência “HIP HOP e o Movimento Negro nos EUA (1960-1980)” na 2º ano do Ensino Médio, tiveram como produto final desta sequência a elaboração, pelos alunos, da letra de um rap chamado “Proseando no rap” e uma apresentação de dança dos alunos de break chamada “Breaking Beat” (com coreografia da pibidiana Renuza Gonçalves).
Bate-latas e capoeira

Alunos do 2º ano do Ensino Médio dançando break
Grupo Abadá Capoeira
Sala temática "Maquetes: quilombos, casa grande e senzala"
Já no período vespertino, diferencialmente do matutino, teve a apresentação dos alunos do 6º A do Ens. Fundamental, em formato de coral, que cantaram a música “A batucada dos nossos tantãs” do grupo Fundo de Quintal. Esta foi organizada pelo estagiário/pibidiano Marcos Sanches, que aplicou nesta mesma turma a sequência didática “A favela nos sambas do Brasil”, que teve como produto final a produção de textos pelos alunos e a apresentação do coral no dia da comemoração da Semana da Consciência Negra.
Alunos do 6ºA do Ensino Fundamental do período vespertino cantam samba "A batucada dos nossos tantãs"
Após as apresentações foram abertas as salas temáticas para que os visitantes pudessem “explorá-las”. Dentre elas havia a sala “Maquetes: quilombos, casa grande e senzala”; a sala de “artesanato indígena”; a que foi organizada pela turma do 2º A e o grupo PIBID-Letras chamada “Eu tive um sonho...”, e as salas organizadas pelo bolsistas do Pibid-História e estagiários do curso, junto às turmas em que aplicaram as sequências:
- Mancala: Sala temática desenvolvida a partir da sequência didática “O jogo de Mancala e as civilizações agrárias em África: o Egito Antigo”, dos alunos do 6º B do Ensino Fundamental, que montaram a sala com a ajuda dos pibidianos Ana Paula, Caio Alexandre, Eduardo Dianna, e Roni Stanckevicz, juntamente com o estagiário Rafael Rezende.
 
 
Visitantes jogando Mancala
- Religiões Afro-brasileiras: Sala desenvolvida a partir da sequência “Religiões Afro-braisleiras: A umbanda na sala de aula”, dos alunos do 6º C do Ens. Fundamental, que montaram a sala com a  ajuda dos pibidianos Bruna Barros, Naiara Salvatierre, Isabela Hernandes e Jorge Gomes.
- Máscaras africanas: Sala desenvolvida a partir da sequência “O papel das máscaras entre os povos do Reino de Kuba, estabelecidos no atual sudeste da República Democrática do Congo”, dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, que montaram a sala com a ajuda dos pibidianos Nísia Oliveira, Iara Souza, Luana Muniz, Iyuithi Sumi, Rafaely Zambiando e a estagiária Mariely Zambianco.
Exposição da reeleitura das máscaras africanas
Dessa forma, todas essas atividades foram muito importantes, levando em conta que todos demonstraram conhecimento da necessidade de combatermos o preconceito racial, da luta pela igualdade étnica e inclusão social. Negar o racismo e contribuir para a invisibilidade da população negra é perpetuar essa falsa ideia de “democracia racial”. Daí a importância da comemoração do dia 20 de Novembro. Você pode compreender melhor visitando a seguinte postagem site “Consciência Negra Raízes”.

  
¹ Para saber mais sobre a mudança desta data comemorativa da história do negro no Brasil, do dia 13 de Maio para o dia 20 de Novembro, segue a postagem da “CartaFundamental”.


Por Rafaely Zambianco

sábado, 29 de novembro de 2014

O Hip Hop e a História dos Negros nos Estados Unidos (1950 – 1980)


A sequência didática sobre o Hip Hop começou na segunda semana de Agosto, na turma do 2º Ano do Ensino Médio. As aulas ocorriam nas segundas e quintas no último tempo de aula do período matutino. A equipe que elaborou e desenvolveu esta sequência foram os acadêmicos Jefferson Rodrigo (pibidiano/estagiário), Diego Ferioto (pibidiano) Renuza Gonçalves (pibidiana), Daniel Carvalho (pibidiano) e Rafael Oliveira (estagiário).
O trabalho com a turma foi excelente, não tivemos problemas com os alunos para que as atividades fossem concluídas. Mostraram-se desde o início sempre interessados no tema, que ia além da parte musical do Hip Hop. O diálogo com os alunos foi bastante positivo para o trabalho, pois ao compreendermos suas dificuldades, já que muitos trabalhavam a tarde, conseguimos planejar as atividades de forma a incluir todos eles.
A sequência enfoca a história do movimento músico-cultural conhecido como Hip Hop, que surge em meados 1970, e o que ele representa. Assim, trabalhamos sua origem e seus desdobramentos até os dias de hoje, observando as rupturas e permanências do movimento. Por ser um movimento cultural dos grupos negros dos Estados Unidos, a história do movimento encontra-se ligada a história deste país. Dessa forma, trabalhamos o período anterior ao surgimento do Hip Hop, em meados da década de 1950 e 1960. Essa história acompanha a luta dos grupos negros por direitos civis nos EUA, a forma que resistiram e resistem até hoje, e as diversas formas de preconceitos raciais.
Ao trabalharmos os valores do movimento Hip Hop e seu significado para o grupo que o originou, evidenciamos que as populações advindas de periferias e favelas não só possuem cultura, como também a criam. Isso contraria o discurso transmitido tanto nas mídias, como na própria instituição de ensino básico, que insistem em afirmar que pobres e favelados não são capazes de possuir, muito menos criar cultura. O intuito de trabalhar com esse tema não foi mero acaso, pois a escola é de periferia e seus alunos também. Assim queríamos que os alunos pudessem ver a si mesmos, como a seu lugar de existência, como sendo um importante lugar que possui e pode gerar cultura.
Todo o trabalho encaminhou no sentido de que pudéssemos discutir o preconceito racial sofrido por negros e pardos em nossa sociedade. Valorizar um traço cultural destes grupos foi uma maneira de buscar elevar a autoestima de crianças negras e pardas.
Ao final da sequência pedimos que as crianças elaborassem letras de rap e uma apresentação de break. A participação da turma para tal empreita, já que sobrou pouquíssimo tempo para desenvolver essas atividades, foi imensa o que permitiu que no evento da Semana da Consciência Negra, anualmente elaborado pela escola, pudéssemos ter duas performance espetaculares demostrando os valores do movimento Hip Hop.
Alunos do 2º ano


Sequência Didática: A favela nos sambas do Brasil



Essa sequência foi aplicada na turma do 6°A da escola estadual João Dantas Filgueiras, no terceiro bimestre, nas aulas do período da tarde, às segundas, quartas e sextas feiras. Nessa atividade estiveram envolvidos os bolsistas do PIBID, Marcos Sanches e Diego Feriotto, além do apoio do professor regente Wellington.
Essa sequência teve por objetivo proporcionar aos alunos o contato com letras de samba, com o intuito de que eles pudessem identificar como é a favela, o cotidiano, os moradores e moradoras, para que pudessem questionar a realidade das periferias e associarem com sua própria realidade (todos moradores de regiões periféricas da cidade).
Ao substituir a utilização do livro didático, propondo leituras de textos da internet e das letras do samba, teve-se a preocupação de instruir os alunos a ficharem os textos e, em seguida, sistematizarem os assuntos da aula, utilizando como ferramenta o Diário de Bordo (essa estratégia nos foi apresentada pelo professor Val Fontoura, na aula de Fundamentos de Didática, que consiste em fazer anotações, colocar dúvidas, resumir as discussões feitas em sala). Utilizamos ainda de vídeos e músicas para ajudar os alunos na análise dos textos e interpretações das letras dos sambas sugeridos.
Alguns dos sambas trabalhados: Despejo na favela – Adoniran Barbosa; Opinião e Voz do morro – Zé Keti; Delegado Chico Palha – Zeca Pagodinho; Aquarela Brasileira – Gal Costa. Além da música cantada pelos alunos em formato de coral, “A batucada dos nossos tantãs” do grupo Fundo de Quintal, proposta esta feita pelo professor Wellington, apresentada como produto final da sequência na comemoração feita pela escola no Dia da Consciência Negra.
O primeiro contato dos alunos com as músicas foi de estranhamento por não ser um tema comum aos estudados por eles. Em seguida, tiveram grande curiosidade, questionavam a todo momento sobre qual a utilidade em se discutir sobre as favelas em sala de aula.
Ao tentar diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos e alunas foi possível identificar a visão preconceituosa sobre a favela e seus moradores, com discursos do tipo: “favela é lugar de bandido”, “lugar onde vende droga e tem conflito entre policial e bandido”. Essa temática foi sendo trabalhada com o intuito de desconstruir essa visão e promover uma reflexão sobre a causa desses discursos.
Foi trabalhado com os alunos e alunas, também, um texto sobre a história do samba. O texto traz uma reflexão sobre a criminalização e descriminalização do samba, os tipos de samba e alguns dos grandes cantores. O vídeo apresentado foi um episódio do seriado da Rede Globo, Cidade dos homens, que trata sobre a vida de dois adolescentes, moradores de favela da cidade do Rio de Janeiro. Teve como intuito mostrar como seria o dia a dia de uma favela, distante da visão apresentada pelos alunos.
A atividade final, como mencionado, foi a apresentação dos alunos da música “A Batucada dos Nossos Tantãs”, do grupo Fundo de Quintal, no Dia da Consciência Negra na escola (21/11/14). Os textos e Diários de Bordo feito pelos alunos também foram utilizados para a verificação do aprendizado e se eles mobilizaram conhecimento.
No geral, o desenvolvimento da sequência teve problemas, principalmente ligados ao controle dos alunos, devido a uma falta de experiência dos bolsistas com estudantes menores, turma do 6° A, que resultou em constantes replanejamentos durante o desenvolvimento da sequência. O trabalho pareceu positivo, pois grande parte dos alunos(as), modificaram o seu discurso (análise feita a partir dos textos feitos por eles) e espera-se que essa reflexão feita em sala possa ser refletida no dia a dia de cada menino e menina daquela sala.
Alunos do 6º A

O jogo de Mancala e as civilizações agrárias em África: o Egito Antigo



O trabalho com a sequência didática foi iniciado na terceira semana de setembro de 2014. As aulas eram ministradas as segundas e sextas-feiras no 6º ano B, turma do professor Wellington. Os pibidianos Ana Paula (8º semestre de História), Caio Alexandre (2º semestre de História), Eduardo Dianna (2º semestre de História), e Roni Stanckevicz (2º semestre de História), juntamente com o estagiário Rafael Rezende (8º semestre de História), foram os responsáveis pelo desenvolvimento deste projeto na escola.
Nem no decorrer do projeto e nem em seu início identificamos resistência por parte dos alunos quanto a nossa presença em sala e muito menos quanto ao nosso trabalho. Os alunos foram muito simpáticos e nos receberam muito bem, e logo ficaram animados com a possibilidade de jogar e aprender sobre Mancala, apesar de a maioria, assim como em outros lugares, não conhecerem o jogo.

A simpatia e a animação dos alunos não nos privaram de alguns obstáculos e contratempos. Porém o grande contratempo foram as aulas dispensadas, outras que foram adiantadas e desencontros na escola que impediram que os encontros com os alunos fluíssem como o esperado, fazendo com que algumas aulas do planejamento tivessem de ser repensadas e até suprimidas por conta do tempo.  
Tivemos um pouco de dificuldade quando o assunto era leitura. Os alunos resistiam a se concentrarem durante toda a leitura dos textos propostos, tinham dificuldade de entender o contexto e responder as perguntas norteadoras. Lidamos com essa dificuldade por meio de atendimento individual e em duplas nas carteiras, estimulando a leitura, e questionando-os sobre o que haviam lido. Durante o decorrer das demais aulas os alunos se mostraram muito participativos, sempre fazendo perguntas, questionando e contribuindo para as discussões que envolviam imagens sobre o jogo. 

Alunos lendo individualmente o texto com ajuda de pibidianos
 Desafios à parte, o trabalho da sequência conseguiu atingir seus objetivos principais que eram fazer com que os alunos aprendessem a função e a finalidade do jogo no Egito Antigo, entendessem o caráter interdisciplinar do uso da mancala em sala de aula, conhecessem as características agrícolas, demográficas, culturais e sociais da região em que o jogo surgiu e principalmente conhecessem e valorizassem aspectos e características da cultura Africana em nossa sociedade.

Como produto final de todo esse trabalho os alunos do 6º ano B montaram, para o dia da consciência negra comemorado na escola estadual João Dantas Filgueiras, uma sala temática em que eles coordenando as entradas e saídas de visitantes explicaram a história do jogo e ensinaram as regras e os fundamentos do mesmo a professores, colegas e visitantes da escola que poderiam participar de um pequeno torneio de Mancala antes de saírem da sala. Os alunos foram totalmente responsáveis pelo funcionamento da sala e seu sucesso de visitas.   
Alunos jogando Mancala

Inserção na Prática da Escola Quilombola Antônio Delfino Pereira: Primeiros Passos

Alunos e alunas do 1º Ano "A" e "B" assistindo o filme do "Kiriku e a Feiticeira". Em resposta as ações...