A Reunião de Antropologia de Mato Grosso do Sul/ RAMS, ocorrido
entre os dias 05 e 08 de abril objetivou promover a reunião dos
antropólogos e das antropólogas que atuam no Estado de Mato Grosso do Sul
e demais profissionais de áreas semelhantes, visando partilhar a prática
refletir a história desta região, assim como as perspectivas de futuro e
organização deste seguimento.
As atividades contaram com a participação do professor Lourival
dos Santos, doutor em História pela USP e do Marcelo Souza, antropólogo do
INCRA/MS, que ofereceram uma oficina com o tema Comunidades Quilombolas em Mato
Grosso do Sul. A oficina buscou compreender o que o que é um quilombo? ” Partindo dessa pergunta para explorarmos as
concepções que os participantes da oficina têm sobre essas comunidades. O
objetivo foi refletir sobre os conceitos que dominam o imaginário sobre o
conceito de quilombo no passado e no presente. Para os educadores presentes foi
uma oportunidade de pensar estratégias de explorar o assunto em sala de aula. O
estudo sobre comunidades quilombolas pode abrir espaço para temas importantes
para toda a sociedade e para estudantes em particular: o racismo no Brasil, a
história do movimento negro, a história da colonização de terras
sul-mato-grossenses. Partiu-se das perguntas dos participantes para apontar
propostas de investigação que pudessem ser levadas para o ensino fundamental e
médio.
Além da
oficina, também ocorreu um Grupo Temático para a discussão de trabalhos sobre a
temática de Comunidades Quilombolas no Mato Grosso do Sul. A proposta desse Grupo de
Trabalho foi congregar estudiosos que se debruçaram sobre essas comunidades em
nosso estado, para fazermos um levantamento do “estado da arte” em que se
encontram as pesquisas sobre essas comunidades que se encontram entre a
legitimidade de suas tradições comunitárias e os desafios da modernização. As
comunidades quilombolas em Mato Grosso do Sul, em que pese a denominação
histórica relativamente recente, tem presença relevante na povoação e na
história de nossa região. Desde o final do século XIX e início do século XX,
levas de colonizadores negros adentraram às terras do antigo estado de Mato
Grosso, contribuindo para o processo civilizatório que hoje forma nossa
sociedade. Apagados por correntes historiográficas que sempre contribuíram para
o branqueamento da sociedade brasileira, desde a Constituição de 1988,
assumiram papel de relevo no movimento negro nacional.Os antropólogos a muito
identificaram as “comunidades negras rurais” como fenômeno peculiar de nossa
cultura. Gilberto Freyre registrou a importância de negros trazidos da África
na introdução da pecuária no sul do Mato Grosso. Hoje, portadores desse lastro
histórico, essas comunidades lutam pelo reconhecimento de seus territórios
tradicionais, como direito constitucional.
Por Yasmin Falcão
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