sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Relato da aula 3ºA (Adonis e Larissa)

No dia 10 de agosto de 2011, começamos a aplicar as regências no 3ºA. Nosso desafio era aplicar uma sequência didática, feita no semestre anterior que tinha como temática: O movimento negro e a importância da soul music na resistência da Ditadura Militar (1964 – 1985). Claro que a ansiedade era uma das nossas maiores companheira, afinal esse era o início não apenas de colocar à prova todos os nossos conhecidos adquiridos durante os quatro anos de universidade, mas também um momento de quebrar ou não paradigmas já pré estabelecidos sobre a relação professor e aluno.
            Ao aparecermos na sala os alunos que estavam esperando o professor, ao nos ver já entraram, o que nos deixou claro que a professora na aula anterior já havia comentado com eles sobre nossas aulas. O início foi marcado pelo grande silêncio dos alunos, pois mesmo freqüentando a escola no semestre anterior, ainda éramos estranhos para eles.
            Para quebrar um pouco do tradicionalismo das aulas de história, utilizamos como Atividade Diagnóstica a música Ilê Ayê, composta por Paulinho Camafeu em 1974, que é uma manifestação do bloco de samba Ilê Ayê, contra a repressão do governo militar da época ao movimento negro. Para aproximar os alunos do assunto, optamos por não usar a versão original da música, mas sim a gravada pelo grupo O Rappa, por ser mais adequada a idade deles e também por morarmos em Mato Grosso do Sul, o grupo de rap acaba sendo mais conhecido que o bloco carnavalesco da Bahia.
            Passamos a música interpretada por Marcelo Falcão, com a letra em mãos os alunos puderam acompanhá-la, junto com um pequeno trecho do livro “História do Negro no Brasil”, de ALBUQUERQUE, Wlamyra e FRAGA FILHO, Walter; p. 281, 2006, que contextualizava historicamente o movimento negro no conteúdo. A música não proporcionou o efeito esperado, claro que o fato de ser a primeira aula do dia auxiliou para esse resultado, sem contar que nós também estávamos um tanto quanto receosos, por esse primeiro contato na frente de uma sala de aula.
            Propomos para os alunos por meio da discussão mediada por nós sobre a história do movimento negro na Ditadura Militar (1964-1985) e junto com seus conhecimentos já adquiridos sobre o período, nos afirmassem se a música era ou não um manifesto contra o governo da época e que justificassem.
            Umas das maiores surpresas nessa aula é que quebramos dois lugares comuns que perseguem as práticas educacionais em nosso meio, atualmente: a primeira que o aluno não quer saber de nada, já que TODOS sem exceção fizeram a atividade proposta por dois estagiários. E  a segunda que eles não sabem nada sobre o Ditadura Militar (64-85) ou movimento negro, visto que puderam expressar baseados no que JÁ SABEM.
            A participação coletiva da sala foi o que deixou a desejar, mas achamos que isso se deve mais por inexperiência nossa, do que falta de interesse do grupo, por isso as participações foram mais individualmente.
            Podemos estar sendo utópicos ao descrever essa primeira aula, mas o que seria de nós futuros professores sem um pouco de utopia? Mas consideramos que a reflexão sobre nossa prática docente seja um caminho para melhorarmos como professores e até mesmo para aprendermos a nos posicionar e a estudar mais sobre o que estamos trabalhando nas salas com nossos alunos.
            Não posso descrever mais sobre a relação com os alunos, pois como disse esse foi o nosso primeiro contato na posição de professores e não de estagiários que ficam sentados no fundo da sala de aula tomando nota de tudo que o professor regente faz ou deixa de fazer, para engrossar nosso relatório. Por isso nossa maior reflexão foi quanto a nossa prática, o que fazer para estimular uma maior participação coletiva.
            Mesmo diante desses fatores, consideramos que apenas por começarmos a mudar nossa visão sobre a relação professor e aluno, foi um fato excelente, já que hoje acreditamos muito mais não apenas em nós mesmos, mas também nos nossos alunos.  

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sua aula pode dar samba!

Olá pessoal, aqui vai uma dica ´para quem quer trabalhar o samba em sala de aula, a música como instrumento didático e histórico, é um meio louvável para abordar o tema proposto pelo blog.

sábado, 20 de agosto de 2011

UNEAFRO fornece cursinhos populares para comunidades

Para comunidades que pretendem organizar cursinhos populares, a UNEAFRO (União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora) estão auxiliando na organização de Cursinhos Populares Comunitários Preparatórios para vestibulares, ENEM e concursos.
Mais informações, acessem:

www.uneafrobrasil.org  

sábado, 13 de agosto de 2011

Educar para a diversidade

Em que pesem as preocupações de Paulo Freire de transformar lemas em "slogans" faço aqui minha profissão de fé na educação: tão simples e tão difícil. Simples, porque temos a consciência de que o compromisso com o ser humano e a crença na humanidade bastam para sermos melhores. Difícil porque o mesmo ser humano capaz de tantas coisas é por vezes vil e mesquinho. Mas a solidariedade é o melhor caminho. Explicitar as diferenças e amar o diverso é o melhor caminho. Querido alunos: estão no caminho certo: sonhem!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Começaram as aulas de nossos estagiários

Começaram as regências de nossos futuros professores! Em breve divulgaremos os planos de aulas e os resultados dos mesmos.

sábado, 6 de agosto de 2011

Pesquise no Baobá do Cerrado

Pessoal.

Tivemos quase 500 acessos em menos de dois meses de criação. Obrigado a todos os nossos visitantes.
Acrescentamos uma ferramenta de busca bem ao lado direito da página. Ela permite que você pesquisa por eventos, dicas de vídeos, aulas, material didático, livros e experiências de vida de afrobrasileiros dentro e fora da escola.
Abraço a tod@s.

Lourival

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Eu gosto muito de estudar

"Meu nome é Lilian, tenho 16 anos e estudo na Escola João Dantas desde a 5ª série.
 Minha família é muito simples, nós nunca tivemos problemas sérios, só que sou filha de pessoas humildes, meu pai é pedreiro, mas no momento está trabalhando como servente. Minha mãe não está trabalhando agora, às vezes ela pega umas roupas de fora pra passar ou faz serviços como diarista em algumas casas e vende tapetes por 5 reais, que ela mesma faz. Tenho dois irmãos, um de dezoito anos que não está trabalhando, porque não serviu o quartel e não está conseguindo emprego por isso, mas ele vai resolver esse problema em agosto. Meu outro irmão é casado e não mora mais com a gente, ele trabalha em uma fábrica.
[...]

Eu não nasci aqui em Três Lagoas, sou da cidade de Valparaíso, interior de São Paulo. Lá nós também tínhamos uma vida simples, até eu completar uns sete anos nós morávamos numa fazenda, não se tinha muito que fazer ou brincar, eu era sozinha, ainda mais que eu e meu irmão brigávamos bastante, então era cada um no seu canto, não brincávamos juntos... Então o que eu mais fazia era assistir televisão.
[...]
A única escola que estudei aqui em Três Lagoas foi o João Dantas. Meu primeiro dia de aula foi diferente, eu sou muito vergonhosa e como não conhecia ninguém, não tinha nenhum amigo, fiquei no meu canto, sem conversar com ninguém. Às vezes um professor vinha conversar comigo, mas como sou tímida respondia meio sem jeito... Mesmo sendo tímida não tive problemas em fazer novos amigos na escola, me enturmei rapidinho, mas não encontrei nenhuma amiga em especial, como a Ana Carolina, aqui eu tenho vários amigos.
[...]

Nas minhas relações de amizade, teve uma vez só que passei por uma situação de discriminação. Já fazia um tempinho que tinha mudado pra cá, eu estava na 7ª série e fiz uma amiga lá na escola. Ela me chamou pra ir brincar na casa dela, depois da aula. Quando chegamos lá, sua madrasta disse que era melhor eu ir embora porque não tínhamos avisado a minha mãe que poderia ficar preocupada e por isso era pra que eu voltasse outro dia. No dia seguinte essa minha amiga me contou que a madrasta dela não quis que nós brincássemos, pois ela não gostava de gente da minha cor. Eu fiquei muito abalada com isso, ainda mais porque eu tinha acabado de fazer uma amizade. Nós duas não temos mais contato e desde que ela se mudou nunca mais nos vimos. Essa foi a única vez que aconteceu algum tipo de discriminação comigo.
Gosto da minha escola, já me acostumei com o jeito dos professores, converso com eles e não tenho problemas com nenhum aluno lá. Gosto muito de ir à escola, sempre acordo animada, claro que há dias que me dá preguiça, mas não tem nada que eu não goste na escola. Uma das minhas matérias favoritas é Química, não sei porque, mas me dou bem, ainda mais quando tenho que trabalhar com a tabela periódica, acho que é porque gosto de fazer experiências, já fiz até aquela que recicla papel.
 Se eu tivesse que mudar alguma coisa em mim seria meu cabelo, não é que eu não goste dele, mas às vezes não me dou bem. Tem dias que ele acorda bonito, mas tem dias que não, então eu acabo brigando com ele. É engraçado, mas é verdade, eu queria que ele fosse liso
É difícil falar da gente, mas se eu tivesse que me definir diria que eu sou uma pessoa legal, mas às vezes chata.  Sou nervosa e estressada ao mesmo tempo, ainda mais com coisas da escola, se tento fazer algo e não consigo, ai estresso, já saio rasgando folha, jogo caderno no chão, rabisco tudo. Pra essas coisas eu sou perfeccionista! Acho que minha maior qualidade é ser estudiosa, não sou muito trabalhadeira não... Mas gosto muito de estudar."





Inserção na Prática da Escola Quilombola Antônio Delfino Pereira: Primeiros Passos

Alunos e alunas do 1º Ano "A" e "B" assistindo o filme do "Kiriku e a Feiticeira". Em resposta as ações...