No dia 10 de agosto de 2011, começamos a aplicar as regências no 3ºA. Nosso desafio era aplicar uma sequência didática, feita no semestre anterior que tinha como temática: O movimento negro e a importância da soul music na resistência da Ditadura Militar (1964 – 1985). Claro que a ansiedade era uma das nossas maiores companheira, afinal esse era o início não apenas de colocar à prova todos os nossos conhecidos adquiridos durante os quatro anos de universidade, mas também um momento de quebrar ou não paradigmas já pré estabelecidos sobre a relação professor e aluno.
Ao aparecermos na sala os alunos que estavam esperando o professor, ao nos ver já entraram, o que nos deixou claro que a professora na aula anterior já havia comentado com eles sobre nossas aulas. O início foi marcado pelo grande silêncio dos alunos, pois mesmo freqüentando a escola no semestre anterior, ainda éramos estranhos para eles.
Para quebrar um pouco do tradicionalismo das aulas de história, utilizamos como Atividade Diagnóstica a música Ilê Ayê, composta por Paulinho Camafeu em 1974, que é uma manifestação do bloco de samba Ilê Ayê, contra a repressão do governo militar da época ao movimento negro. Para aproximar os alunos do assunto, optamos por não usar a versão original da música, mas sim a gravada pelo grupo O Rappa, por ser mais adequada a idade deles e também por morarmos em Mato Grosso do Sul, o grupo de rap acaba sendo mais conhecido que o bloco carnavalesco da Bahia.
Passamos a música interpretada por Marcelo Falcão, com a letra em mãos os alunos puderam acompanhá-la, junto com um pequeno trecho do livro “História do Negro no Brasil”, de ALBUQUERQUE, Wlamyra e FRAGA FILHO, Walter; p. 281, 2006, que contextualizava historicamente o movimento negro no conteúdo. A música não proporcionou o efeito esperado, claro que o fato de ser a primeira aula do dia auxiliou para esse resultado, sem contar que nós também estávamos um tanto quanto receosos, por esse primeiro contato na frente de uma sala de aula.
Propomos para os alunos por meio da discussão mediada por nós sobre a história do movimento negro na Ditadura Militar (1964-1985) e junto com seus conhecimentos já adquiridos sobre o período, nos afirmassem se a música era ou não um manifesto contra o governo da época e que justificassem.
Umas das maiores surpresas nessa aula é que quebramos dois lugares comuns que perseguem as práticas educacionais em nosso meio, atualmente: a primeira que o aluno não quer saber de nada, já que TODOS sem exceção fizeram a atividade proposta por dois estagiários. E a segunda que eles não sabem nada sobre o Ditadura Militar (64-85) ou movimento negro, visto que puderam expressar baseados no que JÁ SABEM.
A participação coletiva da sala foi o que deixou a desejar, mas achamos que isso se deve mais por inexperiência nossa, do que falta de interesse do grupo, por isso as participações foram mais individualmente.
Podemos estar sendo utópicos ao descrever essa primeira aula, mas o que seria de nós futuros professores sem um pouco de utopia? Mas consideramos que a reflexão sobre nossa prática docente seja um caminho para melhorarmos como professores e até mesmo para aprendermos a nos posicionar e a estudar mais sobre o que estamos trabalhando nas salas com nossos alunos.
Não posso descrever mais sobre a relação com os alunos, pois como disse esse foi o nosso primeiro contato na posição de professores e não de estagiários que ficam sentados no fundo da sala de aula tomando nota de tudo que o professor regente faz ou deixa de fazer, para engrossar nosso relatório. Por isso nossa maior reflexão foi quanto a nossa prática, o que fazer para estimular uma maior participação coletiva.
Mesmo diante desses fatores, consideramos que apenas por começarmos a mudar nossa visão sobre a relação professor e aluno, foi um fato excelente, já que hoje acreditamos muito mais não apenas em nós mesmos, mas também nos nossos alunos.
Larissa e Adonis: parabéns pelo relato. Aguardo pelos demais: seus e os de Josy e Paulo.
ResponderExcluirLourival