No
dia 27/09/2014, o grupo de alunos da UFMS coordenados pelo Prof. Dr. Lourival
dos Santos deixaram a cidade de três lagoas rumo à comunidade quilombola São
Miguel, que fica localizada na região do município de Maracaju interior do
estado do Mato Grosso do sul. A viagem organizada como parte do roteiro de
pesquisa do projeto com remanescentes quilombolas coordenados pelo Prof. Dr.
Lourival dos Santos, tinha como um dos objetivos principais, auxiliar na
organização das ideias em torno da criação do museu da comunidade que tem o
intuito de preservar a memoria local.
A
chegada à comunidade ocorreu no sábado 27/09/2014 no inicio da noite, fomos
calorosamente recebidos e acolhidos, a visita que durou três dias, fez que com
que o grupo discente formado por Luana Muniz, Iara Souza, Ana Paula, Bruna
Barros, Jorge Tertuliano e Elenisia conhecessem as expectativas dos membros
quilombolas em torno do desenvolvimento da organização do museu da comunidade, o
grupo foi dividido em duplas para o melhor andamento das tarefas que contou com
o acompanhamento e participação dos membros da comunidade. Os professores
Laura, Laureci, Maria Lucia e Demerval entre outros moradores se predispuseram
no domingo 28/09 de manhã a se reunirem no salão, localizado na chácara de Dona
Maria Eugenia, para ouvir juntamente com o grupo de universitários as
instruções passadas pelo Prof. Lourival sobre o trabalho inicial que seria
realizado naquele final de semana.
A
ideia que a principio foi posta em pratica, era referente à organização dos
painéis que irá retratar através de fotos, os membros e familiares das onze
chácaras presentes na comunidade São Miguel, estas chácaras são lideradas pelos
onze filhos descendentes diretos de Dona Joaquina matriarca fundadora da
comunidade quilombola.
O
primeiro passo foi explicar de que maneira os painéis seriam produzidos,
fizemos o pedido para que cada família selecionasse fotografias que
representasse a memoria histórica dos membros de cada chácara, algumas famílias
já haviam se organizado em separar as fotografias que foram escaneadas e logo depois
imprimidas para preencher os espaços dos painéis.
No
período vespertino, metade do grupo entre nós estudantes e os moradores da
comunidade permaneceram com os trabalhos no galpão, enquanto a outra parte
rumava para dar andamento a outros serviços, como no caso da Prof. Laureci que
convidou Luana e Iara, para observar a produção do requeijão caseiro produzido
por ela e sua família, o processo é simples em vista dos equipamentos manuais,
no entanto para obter a qualidade do produto é notável a atenção e dedicação de
Laureci, ao manusear com habilidade a colher de pau que prepara a matéria-prima
do leite em qualhada na panela quente até dar o ponto adequado ao produto, que
posteriormente é destinado a venda na própria comunidade.
Produção do requeijão caseiro da Chácara Nova Jerusalém
Produção do requeijão caseiro da Chácara Nova Jerusalém
Ainda
no domingo a tarde Jorge um dos lideres da comunidade levou parte do grupo ao
passeio em uma das cachoeiras do lugar, um dos alunos universitários que também
corresponde pelo nome de Jorge se encantou com o local, principalmente pela companhia do menino
Lionel, filho dos professores Laura e Demerval. Elenisia, Ana Paula, as
crianças e os demais que participaram do passeio ficaram igualmente extasiados
com a natureza do lugar.
O estudante Jorge Tertuliano com o menino Lionel
No
domingo à noite fomos convidadas a participar do culto religioso da igreja
Manhã Gloriosa, Jorge o presidente quilombola, acompanhou Luana e Iara até a
igreja e lá pudemos presenciar a pregação da pastora Nedir e conversar com os
membros da igreja, desse contato pudemos marcar as primeiras entrevistas de História
oral de vida com duas mulheres da comunidade.
Na
segunda-feira seguinte, foi o dia que conhecer as crianças na escola da
comunidade, frequentada em média por doze alunos, Prof. Lourival, Ana Paula,
Elenisia, Jorge e Bruna, organizaram atividades lúdicas com as crianças, como
contação de histórias que deu ênfase a trajetória dos parentes mais antigos das
crianças, e a apresentação do jogo africano mancala, que as crianças
desconheciam até então, no final da aula uma das universitárias encontrou os
alunos Silas e Danilo no caminho da volta para a casa, em decorrência de outras
tarefas, Iara que não pode estar presente na escola perguntou como havia sido
as atividades, Silas bem depressa apontou o jogo como a “coisa” mais legal da
oficina, enquanto Danilo gostou de fazer os desenhos inspirados nas histórias
que foram contadas.
Os alunos aprendendo o jogo africano Mancala
Os alunos aprendendo o jogo africano Mancala
Contando histórias
Desenhando a história da comunidade
O grupo de professores, universitários e alunos reunidos
No
andamento das atividades dos grupos na segunda-feira à tarde, Dona Maria
Eugenia levou Elenisia e Jorge até o local onde se encontra o tumulo de Dona
Joaquina, a matriarca da comunidade, no local também se encontra a mangueira e
a castanheira onde Dona Joaquina se sentava para contar histórias para os
filhos e netos, as arvores foram alvo de escolha para a realização de outra
atividade artística referente ao museu e a exposição sobre a memoria quilombola
de São Miguel, a proposta era fazer algo semelhante ao que foi mostrado em um
vídeo americano que circula na internet, e que já serviu de inspiração
inclusive pela abertura de uma telenovela brasileira.
No
vídeo aparece uma grande árvore que traz em seus galhos fotografias suspensa de
familiares, o conceito é que a árvore representa o centro, a raiz a força vital
de uma família o que seria uma referencia a matriarca quilombola Dona Joaquina,
e as fotografias, que ficam penduradas como se tivessem nascidos frutos em meio
aos galhos e folhas, representa os vários membros de um mesmo clã, semelhante
aos vários descendentes da comunidade.
Diante
deste olhar comparativo, o Prof. Lourival fez a proposta sugerindo que fosse
escolhida, entre as arvores do antigo quintal de Dona Joaquina (a mangueira ou a
castanheira), o melhor lugar para realizar a ideia, Dona Maria Eugenia acho
melhor que a arvore escolhida fosse a castanheira, alegando que era onde sua
mãe sentava nas raízes fortes e de bastante relevo para contar suas varias
histórias, Elenisia testou os matérias (fotografias e barbantes) para descobrir
a melhor forma de fazer com que o trabalho fique com uma boa estética visual
para que possa causar nos futuros visitantes da exposição a impressão desejada.
Neste mesmo momento dando andamento a outro viés da pesquisa sobre a comunidade,
Luana e Iara, estavam realizando entrevista de história oral de vida com Dona
Oraide (que faz parte de uma das famílias descendentes) e Dona Nedir (pastora
da igreja Manhã Gloriosa).
Dona Maria Eugenia e Elenisia desenvolvendo uma das atividades
Na
segunda-feira à noite, aconteceu então à reunião com a presença dos
representantes das chácaras, que estiveram presentes em grande numero, das onze
só faltaram três, ficamos impressionados com a capacidade de mobilização que a
família de seu Ramon demostra ter diante da comunidade, a reunião teve um saldo
muito positivo para o andamento da organização do museu, Prof. Lourival
explicou novamente a intenção dos trabalhos e expôs o que havia sido feito
durante o dia anterior, os comentários de interesse sobre o que estava sendo
feito foram bastante positivos, ao final da reunião houve uma pequena
confraternização no jantar, algumas horas depois nos despedimos, pois no dia
seguinte terça-feira 30/09 logo pela manhã estava marcada nosso retorno a três
lagoas.
Jorge Presidente da comunidade (fig. acima)
A estudante Iara S.Souza com a professora Laureci
Desenhos feitos pelas crianças na escola
As familias observando as fotografias
A reunião com as familias que ocorreu na segunda- feira as 19:00 hs da noite.
Dona Benedita observando os trabalhos que estão e andamento para a exposição
Agradecemos aqui todo
acolhimento e hospitalidade com que sempre somos recebidos pelas pessoas que
fazem parte da comunidade quilombola de São Miguel.
Por Iara da Silva Souza
Lugar muito interessante belas fotos.
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