sábado, 4 de outubro de 2014

Viagem a Comunidade Quilombola São Miguel !!!

No dia 27/09/2014, o grupo de alunos da UFMS coordenados pelo Prof. Dr. Lourival dos Santos deixaram a cidade de três lagoas rumo à comunidade quilombola São Miguel, que fica localizada na região do município de Maracaju interior do estado do Mato Grosso do sul. A viagem organizada como parte do roteiro de pesquisa do projeto com remanescentes quilombolas coordenados pelo Prof. Dr. Lourival dos Santos, tinha como um dos objetivos principais, auxiliar na organização das ideias em torno da criação do museu da comunidade que tem o intuito de preservar a memoria local. 
A chegada à comunidade ocorreu no sábado 27/09/2014 no inicio da noite, fomos calorosamente recebidos e acolhidos, a visita que durou três dias, fez que com que o grupo discente formado por Luana Muniz, Iara Souza, Ana Paula, Bruna Barros, Jorge Tertuliano e Elenisia conhecessem as expectativas dos membros quilombolas em torno do desenvolvimento da organização do museu da comunidade, o grupo foi dividido em duplas para o melhor andamento das tarefas que contou com o acompanhamento e participação dos membros da comunidade. Os professores Laura, Laureci, Maria Lucia e Demerval entre outros moradores se predispuseram no domingo 28/09 de manhã a se reunirem no salão, localizado na chácara de Dona Maria Eugenia, para ouvir juntamente com o grupo de universitários as instruções passadas pelo Prof. Lourival sobre o trabalho inicial que seria realizado naquele final de semana.
A ideia que a principio foi posta em pratica, era referente à organização dos painéis que irá retratar através de fotos, os membros e familiares das onze chácaras presentes na comunidade São Miguel, estas chácaras são lideradas pelos onze filhos descendentes diretos de Dona Joaquina matriarca fundadora da comunidade quilombola.
O primeiro passo foi explicar de que maneira os painéis seriam produzidos, fizemos o pedido para que cada família selecionasse fotografias que representasse a memoria histórica dos membros de cada chácara, algumas famílias já haviam se organizado em separar as fotografias que foram escaneadas e logo depois imprimidas para preencher os espaços dos painéis.

            Organização dos paineis

No período vespertino, metade do grupo entre nós estudantes e os moradores da comunidade permaneceram com os trabalhos no galpão, enquanto a outra parte rumava para dar andamento a outros serviços, como no caso da Prof. Laureci que convidou Luana e Iara, para observar a produção do requeijão caseiro produzido por ela e sua família, o processo é simples em vista dos equipamentos manuais, no entanto para obter a qualidade do produto é notável a atenção e dedicação de Laureci, ao manusear com habilidade a colher de pau que prepara a matéria-prima do leite em qualhada na panela quente até dar o ponto adequado ao produto, que posteriormente é destinado a venda na própria comunidade.
Produção do requeijão caseiro da Chácara Nova Jerusalém
                                   


Ainda no domingo a tarde Jorge um dos lideres da comunidade levou parte do grupo ao passeio em uma das cachoeiras do lugar, um dos alunos universitários que também corresponde pelo nome de Jorge se encantou com o local,  principalmente pela companhia do menino Lionel, filho dos professores Laura e Demerval. Elenisia, Ana Paula, as crianças e os demais que participaram do passeio ficaram igualmente extasiados com a natureza do lugar. 




                O estudante Jorge Tertuliano com o menino Lionel

No domingo à noite fomos convidadas a participar do culto religioso da igreja Manhã Gloriosa, Jorge o presidente quilombola, acompanhou Luana e Iara até a igreja e lá pudemos presenciar a pregação da pastora Nedir e conversar com os membros da igreja, desse contato pudemos marcar as primeiras entrevistas de História oral de vida com duas mulheres da comunidade.
Na segunda-feira seguinte, foi o dia que conhecer as crianças na escola da comunidade, frequentada em média por doze alunos, Prof. Lourival, Ana Paula, Elenisia, Jorge e Bruna, organizaram atividades lúdicas com as crianças, como contação de histórias que deu ênfase a trajetória dos parentes mais antigos das crianças, e a apresentação do jogo africano mancala, que as crianças desconheciam até então, no final da aula uma das universitárias encontrou os alunos Silas e Danilo no caminho da volta para a casa, em decorrência de outras tarefas, Iara que não pode estar presente na escola perguntou como havia sido as atividades, Silas bem depressa apontou o jogo como a “coisa” mais legal da oficina, enquanto Danilo gostou de fazer os desenhos inspirados nas histórias que foram contadas. 
Os alunos aprendendo o jogo africano Mancala

 Contando histórias
             
Desenhando a história da comunidade
     

          O grupo de professores, universitários e alunos reunidos

No andamento das atividades dos grupos na segunda-feira à tarde, Dona Maria Eugenia levou Elenisia e Jorge até o local onde se encontra o tumulo de Dona Joaquina, a matriarca da comunidade, no local também se encontra a mangueira e a castanheira onde Dona Joaquina se sentava para contar histórias para os filhos e netos, as arvores foram alvo de escolha para a realização de outra atividade artística referente ao museu e a exposição sobre a memoria quilombola de São Miguel, a proposta era fazer algo semelhante ao que foi mostrado em um vídeo americano que circula na internet, e que já serviu de inspiração inclusive pela abertura de uma telenovela brasileira. 
No vídeo aparece uma grande árvore que traz em seus galhos fotografias suspensa de familiares, o conceito é que a árvore representa o centro, a raiz a força vital de uma família o que seria uma referencia a matriarca quilombola Dona Joaquina, e as fotografias, que ficam penduradas como se tivessem nascidos frutos em meio aos galhos e folhas, representa os vários membros de um mesmo clã, semelhante aos vários descendentes da comunidade.
Diante deste olhar comparativo, o Prof. Lourival fez a proposta sugerindo que fosse escolhida, entre as arvores do antigo quintal de Dona Joaquina (a mangueira ou a castanheira), o melhor lugar para realizar a ideia, Dona Maria Eugenia acho melhor que a arvore escolhida fosse a castanheira, alegando que era onde sua mãe sentava nas raízes fortes e de bastante relevo para contar suas varias histórias, Elenisia testou os matérias (fotografias e barbantes) para descobrir a melhor forma de fazer com que o trabalho fique com uma boa estética visual para que possa causar nos futuros visitantes da exposição a impressão desejada. Neste mesmo momento dando andamento a outro viés da pesquisa sobre a comunidade, Luana e Iara, estavam realizando entrevista de história oral de vida com Dona Oraide (que faz parte de uma das famílias descendentes) e Dona Nedir (pastora da igreja Manhã Gloriosa).


                   





 Dona Maria Eugenia e Elenisia desenvolvendo uma das atividades

  
Na segunda-feira à noite, aconteceu então à reunião com a presença dos representantes das chácaras, que estiveram presentes em grande numero, das onze só faltaram três, ficamos impressionados com a capacidade de mobilização que a família de seu Ramon demostra ter diante da comunidade, a reunião teve um saldo muito positivo para o andamento da organização do museu, Prof. Lourival explicou novamente a intenção dos trabalhos e expôs o que havia sido feito durante o dia anterior, os comentários de interesse sobre o que estava sendo feito foram bastante positivos, ao final da reunião houve uma pequena confraternização no jantar, algumas horas depois nos despedimos, pois no dia seguinte terça-feira 30/09 logo pela manhã estava marcada nosso retorno a três lagoas.

            Os membros da comunidade observando os trabalhos que estão em andamento
            Jorge Presidente da comunidade (fig. acima)

        A estudante Iara S.Souza com a professora Laureci

 Desenhos feitos pelas crianças na escola
As familias observando as fotografias

                                       
      A reunião com as familias que ocorreu na segunda- feira as 19:00 hs da noite.
 Dona Benedita observando os trabalhos que estão e andamento para a exposição

Agradecemos aqui todo acolhimento e hospitalidade com que sempre somos recebidos pelas pessoas que fazem parte da comunidade quilombola de São Miguel.  

                                                     
                                  Por Iara da Silva Souza

Um comentário:

Inserção na Prática da Escola Quilombola Antônio Delfino Pereira: Primeiros Passos

Alunos e alunas do 1º Ano "A" e "B" assistindo o filme do "Kiriku e a Feiticeira". Em resposta as ações...